Vodu: celebrando o passado e projetando o futuro
Para as gerações mais novas de consumidores de heavy
metal no Brasil, talvez seja difícil compreender o paradoxo que foi a cena dos
anos 1980. Equipamentos e instrumentos
precários (poucos eram os que tinham acesso aos importados), condições de palco
lastimáveis, divulgação musical relegada a fitas demos e zines, mas ao mesmo
tempo, havia uma aderência inacreditável daqueles primeiros fãs de heavy metal
no país. Não era incomum notícias sobre shows que geravam 1,2 ou até 5 mil de
expectadores. Público hoje de nomes internacionais. É nesse cenário que muitos
pioneiros se atreveram a criar e a desenvolver sua arte musical dentro dos
domínios do underground brasileiro. Mais de trinta anos depois, muitos deles
retomaram as formações de suas bandas (alguns lançando discos, outros fazendo
shows) como é o caso de nomes como Dorsal Atlântica, Taurus, MX, Centúrias,
Viper, Vulcano, Chakal, dentre outros. É nessa seara que encontra o não menos
histórico Vodu. Com três discos lançados, "The Final Conflict"
(1986), " Seeds of Destruction" (1988) e "Endless Trip"
(1993) e uma bagagem de memoráveis shows em sua carreira, a banda, que ao longo
de sua trajetória praticou um heavy-thrash
com muita técnica, retomou suas atividades no final de 2015. Com a ideia de
celebrar suas três décadas de existência, a banda moldou seu retorno aos palcos,
que ocorreu em São Paulo em Outubro de 2015, e planeja a produção de trabalhos
inéditos. O Ready to Rock conversou com André Góis, (primeiro vocalista da
banda, que retorna a seu posto), André "Pomba" Cagni (baixista) e
Sérgio Facci (bateria), sobre passado, presente e futuro desse monstro sagrado
no underground metálico nacional.
Ready to Rock - Na metade de 2015, o
Vodu anunciou que ensaiava com antigos membros para um show comemorativo.
Pode-se considerar essas reuniões como uma volta definitiva da banda?
André Góis - Acreditamos
que sim, nossa intenção é de gravarmos um novo disco, já temos um repertório de
dez canções entre novas e inéditas.
RR - Como foi fazer o primeiro show da
volta (“Vodu 30 Anos”, em Outubro/2015, em São Paulo), após longo afastamento
do Vodu dos palcos?
AG - Foi especial e
muito bom. Não tocávamos juntos ao vivo havia 28 anos já... foi maravilhoso ver
a nossa química intacta no palco, muito bom...
RR - Dos membros que já atuaram na banda, a
reunião de 2015 teve a presença de Andre Gois, de André Cagni e Sérgio Facci.
Houve contato com os demais membros para essa reunião?
Sérgio Facci - Sim !! Entrei em contato com o Bruno Bomtempi Jr, o
primeiro guitarrista, mas declinou, pois não iria conseguir assumir o
compromisso; Victor Birner, outro guitarrista, por motivos profissionais (hoje
é comentarista de futebol - N.R. Victor atua no programa Cartão Verde, da TV
Cultura, dentre outros periódicos impressos) também não teria tempo; Claudio
Victorazzo, por motivos de distância (esta morando no interior) e profissionais
também..., enfim, todos gostaram da ideia, mas com os problemas profissionais
de hoje em dia ficou mais complicado.
RR - Veteranas bandas dos 80 têm se reunido para shows
esporádicos, algumas planejando o lançamento de novos trabalhos. Existem planos
para um full lenght inédito do Vodu?
AG
- Sim, como já disse, este ano ainda
vamos gravá-los
RR - André, Você deixou a banda após o primeiro disco (“Final
Conflitct”, 1986). O que aconteceu àquela época?
AG
- Foram diferenças de opinião, desgaste
na relação que já era longa, enfim, éramos garotos com interesses diferentes a
partir de um determinado momento.
RR - Porque
a banda encerrou as atividades no começo dos anos 1990?
André
Cagni - A banda encerrou suas atividades em 1992, devido à divergências internas
e musicais. Também sentíamos que o Vodu não estava com a mesma repercussão de
antes, então o álbum "Endless Trip" foi como se fosse um ato final.
RR - Quais suas melhores lembranças do
passado da banda?
AG
- Os shows, as várias viagens que fizemos
para tocar por todo Brasil...
RR - Qual o disco que você mais gosta da banda em sua opinião e
por quê?
AG
- O primeiro, obviamente, porque é o
único em que estou cantando.
RR - Como é se sentir veterano numa cena onde muitos
músicos sequer haviam nascido quando a banda lançava seus primeiros trabalhos?
AG - Natural,
o tempo passa, a experiência chega. Mas isso não significa estar acima de
ninguém, claro, é importante estar atento para aprender sempre, e a nova
geração de músicos brasileiros está muito acima do que era no nosso tempo,
temos muito o que aprender com eles.
RR - Notícias dão conta que a banda trabalha em músicas novas.
Como soaria uma música atual do Vodu hoje em dia, que conta com músicos mais
experientes e com a tecnologia avançada em termos de produção, cenário bem
distinto do que acontecia nos idos de 1986?
AG - As
músicas novas soam como um Heavy Metal clássico, se podemos chamar assim. Muito
mais tradicional do que éramos antes quando estávamos sempre em busca de um
diferencial, de uma coisa além no nosso som. Hoje nos preocupamos em fazer bem
feito, mas sem exageros. Menos é mais, aprendemos. Todos nós somos melhores músicos
hoje em dia, acredito. As músicas novas são ótimas!!
RR - Uma gama de fãs da banda com quem converso tem a
curiosidade. Existe a possibilidade de serem relançados em CD o “The Final Conflict”, o “Seeds Of Destruction” e o “Endless
Trip”?
AG - Por
enquanto não sabemos de nada a respeito. Gostaríamos sem dúvidas de ver
relançado o trabalho da banda em CD, quem sabe...
RR - Como você compararia a cena metal dos 80 com a dos dias de
hoje?
AG - Difícil
comparar né? É um outro mundo...outra vida. Se por um lado éramos mais unidos e
tínhamos um movimento mais coeso no passado, tínhamos uma falta enorme de
comunicação, de informação e material para podermos trabalhar o nosso som ou
para conhecer novas bandas. Era necessário um esforço muito maior para
conseguir informação, discos, instrumentos, etc...
RR -
Que bandas nacionais da atualidade mais lhe chamam a atenção?
AG - Mesmo
não sento tão nova o Torture Squad, as meninas da Nervosa, Jackdevil, Comando
Nuclear, Fire Strike entre tantas outras...
RR - Você
atua também na antológica banda Desaster. Como estão as atividades da banda?
AG
- Estamos ainda no aguardo do lançamento
do primeiro EP, "Eruption of Chaos", que confesso não ter data pra
ser lançado ainda. Um ótimo trabalho tharsh metal de primeira, que infelizmente
ainda está inédito.
RR - O
quer podemos esperar do Vodu daqui pra frente?
AG
- Esperamos continuar a compor, a gravar
e tocar por aí...
RR -
Fique à vontade para deixar uma mensagem final para nossos leitores.
AG - Quero
agradecer a oportunidade de falar sobre o nosso som e gostaria de convidá-los a
conhecer o nosso trabalho, vamos soltar uma demo nos próximos dias e em breve
nosso novo disco. Aguardem!
Formação
Atual do Vodu
André Gois - Vocal
André Cagni - Baixo
Sérgio Facci - Bateria
Jeff
Gouvea - Guitarra
Jose
Luis Gemignani - Guitarra
Contatos com a banda: https://www.facebook.com/vodu30anos
Muito bom!!! Vodu é história viva, Parabenizo!!!!
ResponderExcluirObrigado Reinaldo...Abçs....
ExcluirMuito bom!!! Vodu é história viva, Parabenizo!!!!
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