Skela: one-man-band com prolífera produção em projetos autorais de rock e metal

 

Marcelo Skela, músico e DJ, que há décadas participou de bandas em São José do Rio Preto/SP, como Scruffy, Dark Synteses e Dark Paramount, têm se dedicado, há alguns anos a produzir sozinho vários trabalhos autorais, que passeiam por várias cartas de estilos, em tendências mais extremas (black metal, grindcore, hardcore), mais clássico (rock clássico, punk) e eletrônicas (industrial, new age, tecnho), dentre várias outras.

Seu mais recente ocorrerá em 19 de Maio de 2023, o projeto Technocult, “Vem Novo Ciclo”. Além dele, Skela leva a cabo mais de uma dezena de projetos, todos com material disponível nos vários canais de streaming de música digital.

 

O Ready conversou com Skela sobre este e suas outras diversas produções musicais.

Ready to Rock - Você já participou de bandas no passado. Hoje seus projetos são compostos, arranjados e gravador por você mesmo. Quais os pontos positivos e negativas em se trabalhar sozinho?

 

Marcelo Skela - Eu posso afirmar pra você, que não existe pontos Negativos! … Pois trabalhando sozinho, eu coloco nas músicas exatamente aquilo que quero expressar liricamente e o instrumental também, eu consigo compor e gravar no meu tempo e fazendo o tipo de som que gosto. Já que com bandas nunca consegui expressar 100 % de minhas ideias. Então, desde quando comecei a lançar meus projetos, tive mais liberdade de expor toda minha essência artística e literária nas músicas.



RR - Você produziu discos autorais sob vários nomes e estilos. Falemos um pouco dos primeiros, Reverência e Satânicos, mais volta do metal extremo. Nos conte sobre a abordagem lírica e musical dele.

 

MS - O Satânicos é um projeto Black Metal que eu não ia dar continuidade após o primeiro lançamento, que foi um Split junto a outro projeto meu, pois a gravação ficou péssima e cheguei a desistir, porque eu não sabia fazer vocal rasgado e gutural e não sabia ainda mixar as músicas. Até que resolvi regravar a música “Resistência Satânica”, e como o resultado ficou bom, eu comecei a compor e gravar as músicas e fui melhorando os vocais e a mixagem, que é a parte principal pós gravação de uma música. A sonoridade é bem diferenciada, por vezes mais agressiva e rápida, e outras vezes com passagens cadenciadas e tem bastante teclados o corais, que dão mais ênfase a estética sombria das músicas.

 

As letras do Satânicos abordam temáticas anti-cristianismo, ocultismo, quimbanda e a filosofia satânica que eu vivo em meu dia a dia, ao qual eu chamo de "Satanismo da Evolução". A ideia lírica do Satânicos não é ficar apenas atacando o cristianismo e fazer aquelas temáticas maçantes e sem conteúdo… A ideia é mostrar como é possível viver em harmonia, com uma crença voltada a divindades que atuam de forma positiva na vida de quem segue. A minha fé e crença, são voltadas à busca de prosperidade, harmonia, clarividência, sabedoria, força e proteção. 

Até o momento foi lançado 3 álbuns, todos conceituais. Já o Reverência é um projeto que aborda a crença de religiões afro-brasileiras, como a quimbanda e o candomblé, que são crenças que eu já fiz parte e hoje eu tenho meu culto particular, junto a minha esposa em nossa casa. A sonoridade lembra totalmente o álbum “Roots”, do Sepultura. Tem instrumentos de percussão como atabaques, tambores e chocalhos , pois afinal de contas , se trata de um projeto que presta reverência a divindades e entidades afro, então, eu coloco esses instrumentos pra reproduzir a essência ritualística nas músicas. Se destaca também as versões que andei fazendo, de pontos cantados de terreiros. E essas versões nunca foi feita antes por bandas de metal, digo: não da forma que estou fazendo. Destaco até o momento dessa entrevista 3 músicas em especial: “Ogum Xoroquê” (autoral), “O Sino da Igrejinha Tranca Rua” (versão), “Se meu Pai é Ogum Xoroquê” (versão). Para o debut álbum, eu trouxe um álbum conceitual falando apenas sobre a fé e crença no povo de Exu. 




RR-Você tem também o TechnoCult, este já voltado ao industrial. Fale sobre ele.

 

MS - TechnoCult são regravacões de um projeto que tive há pouco tempo, chamado Luxx Synth-Rock, eu simplesmente tirei o Luxx das plataformas e dei uma repaginada nas músicas, para lançar como TechnoCult. A ideia musical desse projeto é ser o mais parecido com anos 1980, tipo Depeche Mode, Front 242, Noel, Information Society, Tears for Fears e por aí vai. É um projeto que coloquei guitarras também, pra ser um diferencial e diferente de todos outros projetos, eu não faço vocais guturais nem rasgados, é um projeto que eu canto mesmo (risos), sem gritaria. As temáticas possuem temas sobre hermetismo, protesto social, romance/amor e fatores relacionados em aspectos positivos, como perseverança e a busca de si mesmo. O debut álbum sairá dia 19 de maio agora (2023), com 9 músicas autorais e pretendo lançar outro álbum com 7 músicas em novembro. É um projeto bem propício pra tocar em rádios e resgata totalmente a cultura disco-dance anos 1980/90.



RR-E também o Os Caveiras, que se trata de punk rock/metal. 

 

MS - OS CAVEIRAS foi um experimento e uma vontade de fazer o “bom e velho rock and roll ", e que falhei (risos). Eu não sei tocar rock and roll clássico, pois eu não manjo de solos de guitarra e nem gaita, mas mesmo assim, eu fiz 5 músicas e lancei o EP "O Rock Nunca Vai Morrer" . Nesse EP eu abordei temas sobre a vida de motociclista, que é uma vida bem rock and roll e tem toda uma filosofia envolvida. Mas eu não quis apenas falar sobre o tema sobre suas rodas e tentei fazer músicas que fossem bem a cara do rockeiro clássico. O instrumental é uma mistura de rock/metal e punk, com teclados que lembra músicas do Deep Purple. 

No debut álbum, chamado "Rebeldes com Causa", as músicas soaram mais pesadas e com letras que abordam mais protesto social e a atitude rebelde do rock anos 1980, que é na verdade a proposta do projeto "Atitude Rock and Roll ". O próximo lançamento será só em fevereiro de 2024 e até lá eu acredito que vou aprender tocar gaita pra colocar nas músicas e será um trabalho bem mais rock and roll, estilo Deep Purple, Motorhead, com uma pegada de Titãs anos 1980.



RR - Você parecer ter levado a cabo outros projetos, como Vertente e Anti-F. Nos conte sobre eles, e em que diferem dos anteriores?

 

MS - Anti-F é grindcore, músicas rápidas, pesadas, curtas e agressivas. E como toda banda de grindcore, as temáticas são mais voltadas a questões sociais e oposição a políticos a às más gestões do estado. O primeiro lançamento teve apenas 5 músicas, que foram feitas em um momento em que o governo anterior estava na sua ascensão de tragédias sociais ao nosso país. É um projeto pra abordar temáticas antifascistas e não defender partidos políticos. Pois eu não defendo políticos, não sou partidarista. Ser antifascista, não é ser Lulista ou apoiar qualquer político, que fique claro. Obviamente se esse atual governo "cagar ", eu irei lançar músicas fazendo críticas, com certeza. 

 

Já o Vertente 11, na verdade é uma corrente espiritual, é um culto ancestral que eu fundamentei para a Confraria Armada Belzebuth. Essas 5 primeiras músicas que foram lançadas são os cânticos que são usados em rituais de evocações das forças espirituais do culto, que são chamados de o Sagrado Obscuro (Lúcifer, Belzebuth e Exu). As músicas na verdade são cânticos e a sonoridade é baseada em músicas que os povos mesopotâmicos, egípcios e greco-romanos usavam em rituais religiosos. Então, o que as pessoas estão ouvindo nesse projeto são as músicas que são usadas para cultuar forças espirituais da egrégora da Vertente 11. E, no momento, não tenho previsão para outro lançamento, já que as músicas são feitas através de minha mediunidade e conexão com as entidades do culto.



RR-Como você sentiu a aceitação do público (consumidor específico de música extrema ou não) sobre seus projetos? Algum se destacou mais (teve mais receptividade)?

 

MS - Apesar do público da cena metal ser mais consumidor de material físico, as estatísticas no site da Onerpm, que é a distribuidora que uso para enviar para as plataformas digitais, são boas . Mensalmente meus projetos são ouvidos em 30 países. Mas como são vários projetos, existe variantes. O headbanger brasileiro não é muito fã de assinar Spotity, Deezer, etc, então o número de seguidores para o Satânicos é bem pouco, mas mesmo assim, é o segundo projeto mais ouvido. O que mais se destaca em seguidores, é o Reverência, e eu acredito que não seja pelo público metal e sim por pessoas que são de religiões afro-brasileiras.

 

Em seguida vem o Satânicos e depois o Noturno, que é o primeiro projeto que lancei, que é mais na linha gothic. Com os vídeos que estou lançando, está ajudando mais a ter visibilidade. A receptividade está sendo positiva, pois eu já consigo tirar até uma graninha por mês, é pouco , mas por se tratar de projetos underground, já está de bom tamanho , em virtude também que eu comecei a lançar esses projetos em 2021 , ou seja , é muito pouco tempo , mas me surpreendeu com a boa aceitação. 




RR-Como você compõe os temas? Pensa em melodia primeiro ou parte da letra e cria instrumentações em cima?

MS - Geralmente eu crio as letras primeiro, e como todas tem refrão, muitas vezes eu crio um refrão, tanto letra como o instrumental, e depois trabalho no restante. Mas depende muito do projeto, pois cada um tem suas particularidades, mas no caso do Satânicos, Reverência e A Cerimônia, eu crio as letras com mais facilidade, porque as letras das músicas são baseadas nas minhas crenças diárias, filosofias e crenças, que pratico no meu dia a dia, não são letras que pego de livros, na internet, é a minha vida filosófica e espiritual. 



RR-Você tem algum projeto favorito?

MS - Essa pergunta é difícil (risos). Porque todos tem a minha essência, tudo que eu gosto, faço, creio e vivencio. Mas eu fico entre favoritos o Satânicos e o Noturno, pois são os dois estilos musicais que mais gosto: black metal e gothic music. Aliás, o Noturno irá completar 50 músicas lançadas agora em junho. Todo ano o Noturno está tendo destaque em votações sobre música gótica nacional.



RR-Tem planos de algum dia tocar ao vivo essas músicas? Se sim, qual dos projetos você acredita ser mais adequado para apresentações ao vivo?

 

MS - Com certeza tenho sim e que aliás, eu estou muito ansioso pra dar início a apresentações ao vivo. O Noturno provavelmente será o primeiro projeto que pretendo tocar ao vivo, o TechnoCult também é bem provável, já que não precisa de uma banda inteira. O Satânicos já possui até as pessoas pra tocar, mas ainda não tem uma logística favorável. O Reverência é um projeto que vou ter que preparar muito bem, porque, irá atrair um público muito grande, quando começar, vou ter que mudar toda minha rotina. Já Os Caveiras acredito que o público será mais voltado a evento de moto clube. Mas, em resumo, primeiramente, eu vou começar com o Noturno e o TechnoCult, que têm praticamente o mesmo público e será mais fácil para reproduzir as músicas ao vivo. 




RR-Quais suas influências musicais?

 

MS - Eu tenho uma variedade de gostos musicais e cada projeto leva suas influências em particular, pois são mais de 10 projetos musicais e com estilos diferentes. Mas em resumo minhas influências em geral são black metal, death metal, gothic rock, Synth-Pop/New Wave 80s, metal Industrial, grindcore, punk rock, hardcore, rock and roll e tem uma particularidade do projeto Tukandeira, que é um projeto metal folclórico e as influências vem das músicas de grupos do Boi Bumbá do Amazonas e do Festribal do Pará, que são grupos musicais folclóricos que abordam temas voltados à cultura indígena brasileira e o folclore brasileiro em geral. 




RR-Como você vê o cenário do rock autoral de Rio Preto e região?

MS - Faz quase 3 anos que estou morando fora de Rio Preto, então , eu não ando tão ativo nessa questão, mas através das redes sociais, eu vejo que a cena hardcore de Rio Preto cresceu muito, tendo até o coletivo RPHC, e acho muito legal esse pessoal está sempre fazendo eventos e até algumas questões de atos sociais. Tenho contato com um pessoal de Votuporanga, banda Ualac, de black metal, Vuduzebu também, de death metal, além do TerrorCult de Fernandópolis que sempre está fazendo shows pela região, a Dark Paramount que também está voltando às atividades, Murmur, black metal de Birigui e como eu disse acima, o destaque acredito que seja pelo Coletivo RPHC, que são várias bandas punk hc fazendo eventos e que vale a pena até fazer uma matéria sobre as bandas desse coletivo. 



RR-Tem planos para gravar/lançar outros trabalhos? Em qual dos projetos seriam?

MS - Com certeza sim, esse ano estou lançando 1 álbum por mês. São 7 álbuns lançados até junho agora. E vou lançar mais álbuns esse ano: Khaveira (metal terror), Tukandeira (metal folclórico), Guerra Total (war metal), Rock Halloween (metal industrial) e mais 1 álbum do TechnoCult. Esse ano eu tenho previsão de lançar de 12 a 15 álbuns / EPs. 




RR-Você já atuou também como D.J. Ainda se dedica a esta atividade?

 

MS - Sim, comecei em 2005, junto com Júlio Monstro e o Smurfy, em baladas góticas e anos 1980 … Nós criamos na época o coletivo de DJs, Rock On The Top, que fiz parte até 2020, antes de Pandemia. Em setembro de 2020 eu fui morar na cidade da minha esposa, que fica 400 km de Rio Preto e não tenho mais atividade como DJ, meu foco atual são apenas meus projetos. 




RR-Fique à vontade para deixar quaisquer outras informações sobre suas bandas/projetos?

MS - Primeiramente, quero agradecer a você Júlio, pela oportunidade e espaço, e que você tenha muito sucesso e vida longa na sua carreira de jornalista e dando espaço à cena rock da nossa cidade e região. 

Quanto aos meus projetos, estão todos disponíveis em todas plataformas mundiais de streaming musical. O formato físico ainda não lancei, mas estou aberto a parcerias que tenha interesse, principalmente do Satânicos, que a galera metal pede muito CD/LP. 

Estou aí, na ativa desde 1996 tocando em bandas, tenho uma bagagem e contribuição muito frequente nas cenas musicais do underground e agradeço a todas pessoas que me seguem nas redes sociais de meus projetos e quem ainda não conhece , basta procurar pelos nomes citados , que tem bastante material lançado. 

São os seguintes projetos : 

NOTURNO (Gothic Industrial) 

SATÂNICOS (Black Metal)

KHAVEIRA (Metal Terror)

REVERÊNCIA (Metal Tribal) 

OS CAVEIRAS (Rock/Metal)

A CERIMÔNIA (Dark Metal) 

ANTI-F (Grindcore) 

TECHNOCULT (TechnoRock/Ebm/Synth-Pop)

FANTASMA HC (Hardcore) 

ROCK HALLOWEEN (Metal Industrial) 

TUKANDEIRA (Metal Folclórico) 

VERTENTE 11 (Música Ritualística/New Age) 

GUERRA TOTAL (War Metal) lançamento em Junho.

 

 

É muito salutar o propósito de Skela em se dedicar à produção de suas várias criações artísticas e musicais, nos mais variados caminhos do rock. E se lança corajosamente à mais de uma dezena de projetos, de diferente vertentes. Com certeza vai ter um leque grande de consumidores que, em alguns (ou em muitos) dos estilos a que ele se dedica, vão se identificar com a proposta musical apresentada e dela poder ouvir e curtir suas criações.

 

 

Contatos:

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