Maestrick brilha mais uma vez ao vivo em Rio Preto
O Automóvel Clube é um dos mais tradicionais
clubes de São José do Rio Preto. Pra quem não é da cidade, leia-se, um clube de
associados classificados como classe econômica B+ ou A. Nos anos 1960 e 1970 sediou
muitos eventos relacionados ao rock and roll da cidade. Este mesmo clube foi
palco em Outubro de 2013 de uma apresentação da banda Maestrick, nascida em Rio
Preto, e que cada ano dá mostras que está buscando (e conseguindo) alçar voos
cada vez maiores do que o limite geográfico de sua cidade natal. Já tocou no
Peru, tocou no “Roça N´Roll” (Varginha-MG, um dos maiores festivais nacionais
do underground, que conta com bandas internacionais), recentemente seu primeiro
álbum “Unpuzzle!”,
foi lançado na Europa e nos EUA pelo selo alemão Power Prog Records. E em 2013 ainda esteve entre as 10
bandas selecionadas entre mais de 1.000 no país para abrir shows do festival
“Monsters of Rock”, onde atuarão nomes como Dr. Sin, Dokken, Ratt, Queensryche,
Whitesnake e Aerosmith.
Dadas às devidas apresentações da
banda, vamos ao show. Em setembro o grupo abriu o show do músico Humberto Gessinger
(Engenheiros do Hawaii), ocasião onde gravou um vídeo-live para a música “H.U.C.”.
Mas, nesse show do AC a banda foi mais incisiva. O local tinha um (relativamente)
bom público (em se tratando de outros eventos de rock na cidade no mesmo dia).
Cerca de 300 pessoas adentraram ao clube para prestigiar as atrações da noite, que
ganhou o nome de “AC Rock in Rio Preto”.
Para abrir as apresentações, a banda
escalada foi a conterrânea Anexa. Com seu hardcore melódico (com um quê de peso
a mais) alegrou a turma mais nova ali presente. Além de covers de Charlie Brown
Jr, a banda mandou suas músicas autorais, com destaque para “Um dia a Gente se
Encontra” (cujo vocalista emocionado dedicou a pessoas falecidas recentemente)
e a interessante “Promessas”. Por volta das 23 horas o Maestrick sobe ao palco,
trazendo como abertura o conceito de seu primeiro álbum, que mistura arte,
teatro, performances de dança, efeitos visuais e claro, música. De imediato se
percebe que a banda, ao contrario de outros shows anteriores, contava nessa
ocasião com apenas um guitarrista, o competente e estrelado Paulo Pacheco. E a turma
superou bem a falta de um segundo homem das seis cordas.
O Maestrick iniciou
sua apresentação com um som com ótima qualidade e visivelmente empolgante e
tranquila, transparecendo uma experiência surpreendente para uma banda tão
nova. Fabio Caldeira (vocal), Renato Montanha (baixo), Heitor Matos (bateria)
completam o time. As backing vocals Dany e Marilys não atuam apenas como meras
coadjuvantes, funcionando com vozes potentes e impactantes para o clima do
show. Algumas delas fazendo parceria
principal com Fabio. E foram revisitando seu competente e complexo
repertório. Músicas como “H.U.C.”, “Yellown
of the Ebrium”, “Radio Active”, “Pescador” (com sua levada de “brasilidade”
que faz o público cantar junto com a banda e teve a participação de Renato operando
uma viola, numa versão bem interessante e diferente das apresentadas
anteriormente) fizeram muita gente vibrar (e muita gente que não tinha visto a
banda ao vivo se surpreendeu), todas que constituem o primeiro álbum da banda,
“Unpuzzle!”, de 2011. “Disturbia”
contou com a participação especial de Rodrigo Carmo (vocalista da banda House
of Bones, de Bebedouro-SP), que também havia atuado na faixa do álbum. Na
balada intensa “Treasures of the World”,
a interpretação fez um clima grandioso pra festa. E o final, ao contrário de
Queen ou Jethro Tull, que costumeiramente fecham o show, a escolhida desta
feita foi “While My Guitar Gently Weeps”, dos Beatles, numa versão
emocional, visceral e impactante. Umas das melhores versões já concebidas dessa
música fantástica. Encerraram o show com aquela que já é considerada o grande
hit do grupo, “Aquarela”, com suas levadas contagiantes e um forte refrão. Outro
ponto de destaque são as costumeiras performances de dançarinos e atores, que
apareceram sobre o palco e desta vez no meio do público, enfatizando o conceito
teatral de “Unpuzzle!”.
O Maestrick está em fase de
composição do novo disco, mas ao vivo, a banda parece ter amadurecido num nível
bem elevado. Seus músicos parecem à vontade sobre o palco, executando seus
complexos temas que nunca deixaram de se enquadrar no protótipo prog-metal, mas
com uma variação estupenda de elementos musicais. Nuances de MPB, música erudita
e rock clássico são evidentes, aliados a uma execução admirável. Dos shows que
presenciei da banda esse foi o melhor. Esperamos em breve um novo trabalho e
pela competência de composição e entrosamento ao vivo, a banda rio-pretense tem
todas as condições de voar mais alto e concretizar seu nome como uma das mais
criativas bandas de metal do país, e que está começando a ser descoberta pelo
resto do mundo.
Existe um motivo para a ausência do outro guitarrista da banda? Tb notei a fata dele...
ResponderExcluirPois é.....Taí uma coisa a se perguntar pro Fabio Caldeira.....
ResponderExcluirAcredito que o comunicado feito na page oficial da banda Maestrick no Facebook, responde esta questão :
Excluir"Agradecemos ao nosso amigo, o guitarrista Beto Vanella, por esses dois anos de intensa parceria, e anunciamos que agora seguiremos como um quarteto."