Salário Mínimo - banda fala sobre sua carreira e o novo disco
O Salário Mínimo se enquadra na categoria de banda precursora.
Afinal, junto a nomes como Golpe de Estado, A Chave do Sol e Platina fez parte
da primeira geração daquele hard rock mais pesado e elaborado do que alguns
emergentes dos 70 praticaram. Com sua data de formação oficializada em 1981, a
banda debutou em estúdio 1984. Naquele ano, coletânea “SP Metal” mostrava o
poder de fogo da banda, nas faixas “Cabeça Metal” e “Delírio Estelar”. A partir daí a banda galgou
cada vez mais espaço com seu show enérgico e divertido, até que em 1987 a banda
conseguiu lançar seu primeiro LP, “Beijo Fatal”, que saiu pela então major RCA
e chegou a vender 78 mil cópias. Mais tarde a bolacha foi lançada em forma
digital.
Após uma pausa em
sua carreira nos anos 1990, a banda retornou em 2004 e soltou em 2010 seu
segundo álbum, “Simplesmente Rock”, que mostrou um grupo maduro e que caprichou na
produção sonora. Abriu recentemente shows de grandes nomes internacionais como
Scorpions, Twisted Sister, UDO, Uriah Heep e The Rods. A banda conta hoje em
suas fileiras com China Lee (vocal), Daniel Beretta (guitarra), Junior Muzilli
(guitarra e voz), Diego Lessa (baixo e voz) e Marcelo Campos (bateria).
Conversamos com o vocalista China Lee (presente desde as primeiras
formações do grupo) e com o baixista Diego Lessa, sobre passado e presente do
Salário e sua visão sobre a cena do rock/metal do Brasil hoje em dia.
Ready
to Rock - China, como você, dentro da banda enxerga a
importância do Salário Mínimo na história do rock e hard-rock brasileiros?
China: Eu acho que a banda contribuiu e vem
contribuindo para o Heavy Metal Nacional, somos uma banda que faz bastantes
shows e trabalha muito em prol da cena.
RR - A
banda cessou as atividades em 1990, retomando-as em 2004. Porque a banda acabou
naquela época e o que motivou essa volta?
China: A banda acabou naquela época porque eu
resolvi sair da banda e seguir novos trabalhos com outros músicos no
Extravaganza. A motivação da volta foi, após um show na Led Slay, onde quase
mil fãs cantavam nossas musicas enlouquecidamente, foi quando percebi que a
banda Salário Mínimo estava mais viva do que nunca mesmo depois de tantos anos
longe dos palcos.
RR - “Simplesmente
Rock” é um álbum que esbanja variedade. Os efeitos de wah-wah estão por toda
parte, têm músicas pesadas como “2000 Anos” e “Delírio Estelar”, outras mais
cadenciadas e cheias de groove (“Sofrer”, “Sob Seus Pés”), baladas (“Voyer”, ”Ao
Menos em Sonho”) e outras na linha hard tradicional, como “Homens com Pedigree”
e “No Seu Mundo” (totalmente ‘vanhalística’). Como foi o processo de composição
do álbum?
China: Havia muitas musicas paradas que foram
oferecidas para mim por compositores que eu gosto muito e já trabalharam comigo
em outros projetos anteriormente e inclusive no próprio Salário e com a nova
formação fomos escolhendo as melhores musicas.
RR - A
faixa “2000 Anos” tem uma letra interessante. Como foi sua inspiração?
China: Essa musica é de um dos compositores que fez
parte da banda na nossa volta em 2004. Alan Flavio foi guitarrista da banda e
compositor dessa musica, ela tem uma forte influência espiritual, ele desenvolveu
essa musica lendo livros espíritas. Quando ele me mostrou a musica, eu me
apaixonei por ela e tentei interpretar da melhor maneira possível.
RR - Gostei
muito da produção do disco. Como o trabalho de Henrique
“Babbom” (AudioPlace) foi crucial para esse resultado?
Dieego Lessa: Sim, o Baboom foi e é um dos melhores
produtores que conhecemos. Um profissional excelente, ele veio não só para
somar, mas sim para multiplicar dentro da banda, o “Simplesmente Rock” foi o
nosso primeiro trabalho com ele e gostamos muito do resultado que chegamos no
disco, ele também é o produtor do nosso novo single “Fatos Reais”, com certeza
foi o primeiro de muitos com o Henrique Baboom.
RR - O
disco foi lançado também na Europa pelo selo português Metal Soldiers Records. Como
você tem sentido a reação dos fãs (brasileiros e estrangeiros) com relação ao
“Simplesmente Rock”?
China: A aceitação foi melhor do que imaginávamos,
muitos fãs gostaram muito, outros não, até porque não conseguimos agradar a
todos, mas bem que gostaríamos, mas o interessante é que esse disco vem conquistando
lentamente os nossos fãs mais radicais.
RR - Após
o lançamento de “Simplesmente Rock”, a banda lançou o single “Fatos Reais”, que
faz uma crítica social em face da realização da Copa do Mundo no Brasil. Qual
sua visão sobre esse evento e essa faceta política da banda?
Dieego
Lessa: Só para
esclarecer algumas coisas, não somos contra o futebol e muito menos contra esse
evento mundial, nós temos algumas objeções em relação àqueles que governam
nosso país e com todos aqueles gastos absurdos e superfaturados com esse evento
aqui no Brasil, em vez de gastarem com o que realmente é e era necessário, só
se preocuparam durante quatro anos com essa festa dentro do nosso quintal e
esqueceram das reais prioridades.
RR - Têm
planos para um próximo álbum de estúdio?
China: Sim, claro, temos muitos planos, estamos
finalizando as composições para o novo álbum e em breve estará na boca de todos
os bangers.
RR - Como
anda o mercado de shows para o Salário Mínimo nos dias de hoje?
China: Levando em consideração que estamos no ano
de copa e eleições, não podemos reclamar, para nós está melhor do que esperávamos,
temos shows até março de 2015, mas o ano de 2013 foi muito melhor.
RR - Como
você vê o cenário atual do rock (principalmente o underground) no Brasil?
China: A cena está crescendo mais e mais, muitas
bandas voltando, novas e excelentes bandas surgindo e o publico cada vez mais
valorizando a cena.
RR - A
compra de discos está relegada hoje a uma classe de fãs de fazem questão de
produtos originais. Mas sabemos que uma gigantesca parcela de consumidores de
rock vai fazer o download. Você acha que as tendências tecnológicas da internet
ajudam ou atrapalham as bandas autorais?
China: Eu acho que ajudam, os fãs podem fazer o
download na internet para ter uma prévia do disco, caso goste ele pode comprar
o disco físico.
RR - Olhando
pra traz, e relembrando a árdua trajetória das bandas hard/metal nos anos 1980,
qual você consideraria a maior conquista do Salário?
China: Sobreviver até hoje e ter na nossa plateia,
um publico que é na sua maioria constituído por jovens entre 18 e 25 anos, isso
nos dá cada vez mais força para continuarmos a nossa missão sem descanso, até
porque a gente sem os nossos fãs não seriamos ninguém.
Para maiores informações sobre a banda, acesse: http://www.bandasalariominimo.com.br
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