Retro Atroz, uma on-man-band a serviço do doom metal nacional

O formato one-man-band (quando o músico grava todos os elementos de um disco), pode não ser um padrão muito comum dentre as formações de bandas de rock. Mas é uma característica explorada já há muitos anos, no Brasil e fora dele. E, de São José do Rio Preto/SP, vem uma formação deste tipo, desta vez lançando um EP calcado no doom metal, a Retro Atroz.

Por trás do Retro Atroz está Sandro “Buba” Martin, músico que integrou bandas na cidade deste os anos 1990 (Spurgo por exemplo). Buba, não contente com uma one-man-band, ainda leva a cabo o projeto Aliens Seeking Destruction, numa linha um pouco mais pesada. E promete ainda lançar mais uma dentre em breve.

A música do Retro Atroz, com a licença da obviedade, passeia pelos elementos que caracterizam o doom metal. Timbres baixos, atmosfera pesada, andamentos soturnos.

A qualidade da gravação pode ser considerada boa, pelas condições de produção, por isso podemos considerar o EP como uma ótima e honesta demo.

De início, vem a faixa “Destruindo planetas”, que vem com riffão arrastado como manda a cartilha doom. A seguir, “Monstros vs Alienígenas”, já tem uma dinâmica mais objetiva, ainda que na cadência, com alguns licks melódicos costurando os andamentos. Pelo clima, seria como alguma referência de alternative rock junto ao doom.

Enquanto “Lua Mãe” possui um pesão sabbatico, “Fugindo do Planeta Terra” tem uso constante de pratos e baixão mais na cara. Riff bem interessante. “Interestelar” talvez a mais doom do EP, com um espaço para bateria e licks isolados na metade da faixa. A faixa mais longa do trabalho flerta ainda com um clássico stoner rock. “Joe, o Lunático” pra fechar o EP, soa mais despojada.

O Ready conversou com Buba sobre seus projetos.

 

Ready to Rock - Primeiro, porque decidiu atuar como one-man-band? Difícil encontrar músicos para o padrão da Retro Atroz?

Sandro Buba - Cara, com a pandemia do COVID, ficamos presos dentro de casa sem poder ensaiar com a banda. E aí comecei a gravar algumas coisas em casa mesmo, achei um programa que simula uma batera o Zé Drumer (risos) e comecei a gravar algumas coisas, eu faço as guitarras e o baixo e fui aperfeiçoando as gravações, cara tenho muito material aqui gravado. (risos). Difícil é achar outro louco que goste das minhas ideias doidas e letras estranhas. (risos). O lado bom de ser one-man-band é que não tem brigas de egos, não tem estresse com ensaios... aí é legal.

 

RR - Porque batizou a banda como Retro Atroz?

SB - O nome faz muitos anos que tenho ele na cabeça, desde quando eu e o Mauricio Tatuador procurávamos nomes para nossa banda antiga, a Spurgo. Isso nos anos 1990 e alguma coisa (risos). Ele falou esse nome uma vez e adorei aí ficou na cabeça. Quando coloquei esse nome na minha banda, nossa ele falou eu que inventei esse nome (risos).

 

 

RR - O EP “Destruindo Planetas” da banda possui cinco músicas. Onde foi gravado e como foram as etapas de produção em geral? Você gravou todos os instrumentos?

SB - O EP Foi gravado todo em casa, estava com uma ideia de gravar alguma coisa no estilo doom/stoner, aí comecei a criar os instrumentais das músicas e fiz essas cinco músicas, mas não tinha letras e um vocalista para cantar. Como gosto do tema alienígenas, naves espaciais, planetas e as doideiras da minha cabeça, criei as letras, e como não tinha um doido para cantar, comecei a cantar (risos). Na produção queria algo que soasse tosco antigo, sem muita frescura.

 

RR - Mesmo no padrão doom, as faixas tem algumas diferenças de direcionamento entre elas, como o lado mais objetivo de “Monstros e Alienígenas” e o lado arrastado com “Lua Mãe”. Como se dá sua visão de composição dos temas?

SB - Cara, reflete as loucuras das minhas ideias (risos). Um som pesado com afinações baixas letras doidas e engraçadas. Uma mistura do doom, stoner um som estranho (risos). Acho se cantasse em inglês ia ficar mais bunitinhuuuuu (risos). Não gosto de seguir muito os padrões, gosto de pensar fora da caixinha sabe.

 

RR - Quase todas as músicas versam sobre temas espaciais. Porque se essa linha conceitual?

SB - É o meu gosto de coisas de outro mundo, filmes de alienígenas, máquinas espaciais, astronautas, planetas destruídos (risos), essas loucuras. Letras estranha para pessoas esquisitas ouvirem (risos).

 

RR - O Retro Atroz já tinha lançado antes outro EP, “Músicas Estranhas para Pessoas Esquisitas”. Qual as diferenças entre os 2 EPs?

SB - Diferença é boa. O estilo está mais para o southern rock, meio stoner, a guita e o baixo continuam com as afinações baixas, eu acho que são um pouco mais trabalhadas as músicas (risos). O vocal é mais falado com letras estranhas, sarcásticas e contundentes e com alguns palavrões. Nessa época estava ouvindo muito southern rock, aí comecei a criar umas músicas nessa linha.

 


RR - Você possui ainda outro projeto de one-man-band. Qual a proposta de “Aliens Seeking Destruction”?

SB - O Aliens Seeking Destruction foi o começo do one-man-band. É um som mais pesado, forte, com letras sobre o caos, destruição e morte. Cantado em inglês ou uma tentativa de um novo inglês (risos). Foi todo gravado em casa mesmo eu tocando basicamente tudo, esta com uns equipamentos de gravação melhor. As músicas ficaram boas, aí fui construindo música por músicas desse projeto.

 


RR - Como tem sido a receptividade do EP do Retro Atroz e onde você acredita que a banda possa chegar?

SB - Cara, fiz mesmo por gostar de criar de fazer um som de um dia ouvir as músicas e saber que eu fiz tudo isso sozinho, olha que loucura né. Consegui colocar esses meus projetos num site que ajuda a distribuir as músicas em tudo que é streaming, tipo Spotify, Deezer........ Se der algum retorno vai se legal demais.

 


 

RR - Quais os próximos planos para seus projetos?

SB - Tenho criado bastante, já tenho mais músicas novas, umas quatro com os instrumentais prontos e uma já com vocal em português e o instrumental pronto. O estilo está mais para um thrash metal, death metal. Vai acabar virando outra banda one-man-band. Nome da banda já até tenho: Cova Perpetua, com letras sobre guerras, destruição, o dia, dia normal nosso (risos).

 

RR - Fique à vontade para deixar mais informações do Retro Atroz.

SB- A Retro Atroz é uma das minhas loucuras criativas, onde expresso todo minha visão além do normativo com todo peso do fuzz e letras psicodélicas, criadas na minha casa nave espacial estúdio. E ainda em dia com minha rebeldia (risos).

 

Buba é claramente ciente de suas limitações de produção, mas segue produzindo sua música com personalidade e honestidade. Vai agradar com certeza fãs de doom metal e estilos mais pesados. E com certeza parece gostar mesmo de projetos onde ele faz tudo sozinho.

 

 

Contatos

 

https://soundcloud.com/sandro-martin-782187694/sets/destruindo-planetas-retroatroz?ref=fbmessenger&p=a&c=1&si=b02a0ba25e8e4232b2234ca07d34cf90&utm_source=fbmessenger&utm_medium=message&utm_campaign=social_sharing

 

https://open.spotify.com/artist/16N2EwwdTYYvQATmqxwm8o?si=9LjKom2DTdKQE6x_ndNmqQ&fbclid=IwAR2nlmwGTwmxF44FqRu99tbgX6UEKimnacx3adHfD1y0pnagdQsIGXy6uWo&nd=1

 

https://www.facebook.com/sandro.buba


 

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