Serpenteando: competência no hard rock Brasil, a caminho do 1º EP


A trajetória do hard rock brasileiro (e cantando em português) cravou na história a epopeia de grandes nomes no cenário, como Golpe de Estado, A Chave do Sol, Kamikaze, Rosa Tattooada, Anjos da Noite, Platina, Salário Mínimo, dentre outras. E muitas outras bandas nesse segmento vêm surgindo nas últimas décadas. Em São José do Rio Preto (SP) emerge mais um nome a integrar este time, O Serpenteando. Na ativa desde 2009, e com várias formações no caminho, a banda tem produzido músicas autorais e as lançado individualmente, ao longo dos últimos meses. Tais temas vão integrar o primeiro EP do grupo, com previsão de lançamento no segundo semestre de 2023.

Contando atualmente com Adriano Fraga (vocal), Mário Arruda (guitarra/voz), Digão Gonçalves (baixo) e JT Oliver (bateria) na formação, o Serpenteando lançou até agora três singles. Um lançado em 2022 e os outros em 2023, todos disponíveis nos canais de música e vídeo da internet.

As três músicas passeiam por caminhos distintos, dentro da proposta hard da banda. “Anoitecer” – 2022 – Rifferama com groove, bateria seca na cara. Há boa variação das passagens. Linha vocais na vibe balanceada (algumas partes aceleradas nas estrofes). Direito a uma pausa da pegada no meio, onde o baixo protagoniza.

Já “Velhos Tempos” inicia com uma vibe country nas cordas e com um lick costurando a faixa. Entra a pegada hard pesada. Uma ode ao old rock na parte lírica, mas com uma roupagem do hard moderno. Refrão perfeito para shows. Total aura maravilhosa de Golpe de Estado na faixa.

E “Pra Longe de Você” abre com uma chamada da bateria com pratos, outro riffão gordo vem a seguir. Legal a harmonização das vozes.  Bela atuação melódica dos solos de guita. Clima de ride moto ciclística. Termina com bela velocidade.

O Ready conversou com a banda, que nos conta mais sobre os singles e sobre sua carreira.

 

Ready to Rock - A banda existe deste de 2009. Quando pintou a ideia de fazer material autoral?

Adriano Fraga - Essa é uma ótima pergunta (risos). Iniciamos em 2009, a nossa bagagem de identidade estava muito crua, a gente já tinha bastante ideia de composições, porém sentimos a necessidade de tomar na fonte dos grandes monstros da história do rock. Hoje temos certeza que conseguimos alcançar a nossa identidade artística.

 

 

RR - Qual a origem do nome Serpentando?

AF - Esse nome, Serpenteando, surgiu nos primeiros ensaios com algo relacionado a um movimento constante, sinuoso e muitas vezes árido. E, no decorrer destes anos, de uma forma ativa em festivais, composições e gravações, assim o nome foi tomando forma deixando evidente que tinha tudo a ver com a identidade da banda.

 


RR - Legal a ideia de lançar uma capa para cada single. A banda vai lançar as músicas separadamente antes da conclusão do EP?

AF - Poxa! Fico feliz em saber essa impressão sobre nossas capas, temos além de um super baterista, um artista visual de excelência, que é o “JT”.  Sobre os lançamentos, estamos buscando fogo pra jogar na pólvora (risos)! Estamos em constante discussão pra tentar chegar de uma melhor forma nesse novo mercado louco da música. Mas esse ano queremos atingir o sonhado “EP”, temos tudo pra chegar nesse momento.

 

RR - Das 3 faixas divulgadas, ““Anoitecer” e “Pra Longe de Você” têm aquela pegada pesada e balanceada. Já “Velhos Tempos” é mais rock n’roll, direta e na cara. Podemos esperar outras variações nas próximas faixas?

AF - Massa! Nós temos agora uma formação com uma diversidade de influências absurdas, estamos vendo uma grande oportunidade de romper as nossas antigas expectativas sonoras, até mesmo possibilidade de baladas, porém queremos manter uma pegada Hard Rock com possíveis elementos do rock moderno.

 

RR - Onde foram gravadas e produzidas (mix/master) as faixas?

AF - A “Anoitecer” gravamos e finalizamos no estúdio Gambs, conseguimos extrair uma atmosfera bastante energética e pesada, porém toda a ideia do trabalho está bastante limpa e acessível aos ouvidos. A “Velhos Tempos” gravamos no estúdio AudioFilia, aqui já extraímos uma atmosfera bastante rockeira clássica, adoramos a energia festeira que ela remete. A “Pra Longe de Você” também gravada no estúdio Audiofilia, na nossa percepção tivemos a oportunidade de trazer um peso nos arranjos com coros vocais bastante explorados. Ambas as canções no Audiofilia tiveram a produção (áudio) técnica do Rodrigo Lamana.

 


RR - Tem planos pra finalização do EP?

AF - Temos sim! Esse EP está sendo uma expectativa gigante pra gente conseguir ter um repertório forte pra conseguir ter datas de shows. Estamos muito ansiosos pra mostrar o trabalho autoral ao vivo para o público.

 

RR - Há planos para uma prensagem física do EP (quando concluído)?

AF - Opa, queremos ter uma pequena quantidade sim, principalmente para distribuir pra essa galera que ainda gosta de um material físico em mãos.

 

 

RR - Como funciona o processo de composição na banda?

AF - Nossas composições normalmente começam com um riff de guitarra, que o Mario normalmente compõe, eu também contribuo pra gerar riffs, mas o Mario Arruda sempre refina e eleva o nível da proposta. Depois disso começamos a imaginar que tipo de assunto se encaixa no riff e começamos a criar a poesia e harmonia. Em seguida temos um áudio compartilhado pra receber as contribuições harmônicas e criativas do JT e do Digão. Quando a obra cai no giro dos quatro integrantes, simplesmente tudo que se imaginava no início toma fins incertos e vira um som totalmente diferente das expectativas iniciais, é essa a maravilha de compor, é pura magica (risos).

 

RR - Qual as principais influências musicais dos integrantes?

AF – Massa! Aqui vai: Adriano Fraga: dos nomes mundiais, os principais com certeza são Dio, Mercyful Fate e Scorpions, porém nos últimos anos, os nomes nacionais como Dr. Sin, Made in Brazil, Carro Bomba e Golpe de Estado vêm fazendo mais parte do hall da inspiração.

 

Mario Arruda: Dio, Guns ‘n Roses e Scorpions sempre foram a fonte de inspiração nos riffs, mas também no viés brasileiro vem bandas como Garotos da Rua, Rosa Tattooada e Sinistra estão sendo grandes referências do nosso guitarrista

 

Digão Gonçalves: O Digão tem a linguagem do A/DC e Guns, porém ele tem também uma forte influência do cenário new metal e pop hardcore nacional/internacional. Esse diferencial dele trouxe uma riqueza maravilhosa nas nossas músicas e performance em palco.

 

JT Oliver: O JT traz influências como Chester Tompson, Neil Peart (Rush), Tony Coleman (B.B King) e Mike Portnoy (Dream Theater, Sons of Apollo). Nessa bagagem vem um emaranhado de referências do rock clássico com abertura pra música moderna.

Acredito que abrimos possibilidades de trazer uma diversidade dentro da linguagem do hard rock, quanto mais trocamos ideias, mais as coisas saem do previsto, e eu considero isso uma oportunidade gratificante.

 

RR - Vocês têm feito alguns shows ao longo dos últimos anos. Como está a atividade da banda nesse sentido?

AF - No ano de 2020, no período de pandemia, aproveitamos a pausa forçada pra focar no maior sonho da banda, que era compor e construir uma identidade autoral. Estamos com muita sede de voltar aos palcos, mas queremos muito poder entregar um material pleno autoral.

 


 RR - Já tocaram músicas autorais ao vivo? Se sim, como foi a recepção do público? Se não, há a intenção de incluir números autorais em próximas apresentações?

AF - Já tivemos oportunidade de participar de alguns festivais, entre eles o gigante “Planeta Rock”, tínhamos a “Anoitecer” e tocávamos a “Pra Longe de Você” em uma versão diferente da atual. No pós-lançamento das canções autorais, ainda não tivemos essa oportunidade, mas em breve queremos estar rodando forte!

 

 

RR - Como você sente o cenário do rock autoral em Rio Preto?

AF - Eu venho observando grandes bandas concretizando seus objetivos autorais na cidade, Rio Preto está vivendo um momento de proposta autoral muito forte.  Nomes como Maestrick, Order of Destruction, Psicodella lançando álbuns e dialogando com a cena do Brasil e mundo, é incrível. Temos muita admiração por esse legado que Rio Preto está construindo.

 

 

RR - Como você percebe a cena hard rock no Brasil, de um modo geral?

AF - Tive uma percepção que chegou uma onda muito forte após meados de 2010, o nascimento de bandas como Matttilha, Sioux66, Malvada, etc, trazendo as letras em português mantendo a super pegada do bom hard rock. E ainda tivemos o renascimento de grandes nomes como Golpe de Estado e Dr. Sin, porém esse novo mercado da música é uma coisa que enlouquece mais que LSD (risos).

 


 RR - Tem plano de divulgação do EP (ou das músicas) quando for lançado?

AF - Nossa! Queremos muito, estamos tendo algumas dificuldades monetárias pra levantar o trabalho, mas com certeza quando a gente conseguir, vamos fazer uma super celebração junto com a galera que vem apoiando o nosso trabalho. Esperamos muito em breve ter a oportunidade de rever o público olho no olho!

 

 

RR - Fique à vontade para deixar quaisquer outras informações sobre a banda.

AF - Primeiramente gostaria de expressar em nome da banda Serpentando, a nossa admiração pela sua força e contribuição pra manter o coração da nossa cena batendo firme e forte.

Gostaríamos de dizer que já é um sonho realizado em ter a oportunidade de mostrar o nosso trabalho autoral, foi uma luta formar um time de hard rock autoral! Esperamos poder deixar uma forte marca do nosso trabalho na cena também! E finalmente agradecer a todos que conseguiram concretizar suas obras e álbuns, vocês nos inspiraram, e como agradecimento faremos o mesmo trajeto no nosso caminho sinuoso, Serpentando!

 

A banda se mostra amadurecida e segura, por moldar seu som ao longo dos anos. Soando pesada como os grandes mestres do estilo, e ao mesmo tempo acessível, para qualquer tipo de público de rock, o Serpenteado segue firme no caminho de se firmar como mais um nome forte do hard brasileiro, a ser reconhecido e celebrado pelo público em geral do país. O caminho da cena rock autoral (e para estilos mais pesados) evidentemente nunca será fácil pra ninguém e o maior ou menor sucesso de um grupo depende de muitos fatores. Agora, competência, criatividade e garra não faltam à banda, elementos fundamentais para atingir esse reconhecimento.

 

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